domingo, 21 de dezembro de 2008

The Black Angels - Passover


Vocês gostam de The Doors? Aposto que sim.
E de Joy Division? Adoram? Bem me parecia.
E Jesus & Mary Chain? Também gostam... Pois.
E que tal se existisse uma banda que combinasse esses três gigantes da música Pop-Rock mundial, que mesmo findas décadas dos seus grandes êxitos ainda causam sensação nas gerações mais jovens e ainda influenciam bandas e mais bandas, e ainda acrescentasse algo novo?
De quem vos falo desta vez é dos Sulistas Norte-Americanos The Black Angels. Que para além de irem beber às fontes das três bandas acima mencionadas vão beber a uma outra fonte que só eles sabem onde se encontra. Provavelmente algures no meio de uma floresta de folha caduca onde uma feiticeira velha e má viveu durante séculos a atormentar quem por lá passasse.
As suas músicas são carregadas de sentimentos. Provavelmente criadas em sofrimento. Transmitem não apenas dor mas também esperança. Criam um ambiente obscuro por onde o ouvinte se movimenta e se relaciona com os vários instrumentos com uma intimidade descarada. Sinto-me à vontade neste álbum. Como se nunca tivesse abandonado o canto onde me refugio quando me sinto discriminado pela barbárie deste mundo. Sinto que me posso exprimir à vontade enquanto ouço este álbum. Que posso confessar o que quiser que os instrumentos me vão compreender e concordar e para sempre guardar como segredo essas minhas confissões. Quem o ouve desprende-se e entrega-se como se o amanhã nunca viesse e o ontem já la fosse há muito tempo.
A bateria é ecléctica. Desde os timbalões da Empire aos da Better Off Alone e da The Sniper At the Gates of Heaven a ritmos menos complexos mas igualmente bons doutras músicas. O baterista mostra um desejo de não cair na redundância. E presenteia-nos com algo novo em cada música.
As guitarras são na minha opinião igualmente inovadoras apesar de apresentarem sonoridades já antigas. A reverberação sente-se em todas as músicas e as frequências parecem nos atingir de todos os lados. A distorção é suave e harmoniosa e varia consoante o sentimento a ser transmitido. Os riffs são bons, são muito bons. Não têm pressa, não se atrapalham. São límpidos e orgulhosos. Correm como uma pequena ribeira, por entre seixos, por entre árvores, grutas e cataratas. E não se comprometem, não cedem um único instante. São o que são. E graças a deus que o são.
As vozes são peculiares e assentam que nem uma luva nesta composição musical. Elevando-a ainda mais alto. transportam quem as ouve por entre montanhas, por entre nuvens para ver aquilo que nunca se imaginou poder ser visto. A liberdade e a paz. O sossego.
Esta é sem dúvida das melhores bandas recentes que ouço. Com um dos melhores álbuns que ouvi nos último meses. São sem dúvida merecedores de uma atenção cuidada.
Quando acaba uma música apetece-me ouvi-la novamente de seguida. E fartar-me é algo completamente fora de questão.

http://www.myspace.com/theblackangels


The Black Angels - Passover
Light In The Attic #018
2006 - 58:43

10/10

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